quinta-feira, 6 de dezembro de 2012

Jorge, Amado?

Nunca li seus livros
Por mim você não é amado

Mas gosto de seu nome Jorge
Gosto de um jeito calado

Nunca vi os filmes sobre suas obras
Nem as séries

Mas acho suas protagonistas gostosas
Me acabo por elas

O trocadilho com seu sobrenome está mais que usado
Estag'amado

Mas você vendeu livros pra caçamba
Tive que te estudar pra um vestibular

Você...
Você, Jorge Amado... Botou pra lá!

Agora tou aqui falando bobagens atrás de um prêmio
Cuja grana vai vir não sei de onde

Cujo significado não sei se você vai entender
Nem sei se vai ficar sabendo, aí no além

Acho que você gostaria mais se eu escrevesse
um romance passado na antiga Bahia do que
este reles poema-"homenagem"

sexta-feira, 30 de novembro de 2012

Criatura muito infeliz em si


Criatura muito infeliz em si

Por que não vais pra América Central?
Com tua existência faminta
E absurda

De aspecto pior que um bueiro entupido com mil ratos
Criatura muito pobre
Como se vive tão futilmente?

Se ainda pedisses:
"Me tira daqui, de dentro deste vício"
Mas nem isso

Tu tragas a vida e sopras fumaça preta
Sai daqui e vê se para com isso
Vê se dorme pra sempre.

Para

sexta-feira, 28 de setembro de 2012

  Espelhos...

  "Mirrors", em inglês
  "Espejos", em espanhol

  Espelho, o que me diz?
  Virado, refletes o sol;
  do outro lado, o big bang

  Espelho de terra
  Espelho de água
  É espelho de graça

  Espelho que espelha
  Uma vida sem-graça
  Uma vida de mágoa

  Espelho vê vida
  Espelho que brilha
  É espelho de vidro

  Espelho de vida
  Reflete mil vidas

  Espelho cansado...
  De só repetir as mesmas palavras
  Porque humanos são palavras.

  Você sabe, né?
O céu é rosa

O céu é meu!!

O céu é meu...
Doces Verdades

És força motriz
Não trai as belezas
Só traz natureza

És linda princesa
Não dos burocratas
Mas da singeleza

És siamesa
Não o defeito
E sim a felina

És pedra bruta
Não da bruteza
Mas sim do valor contido

És uma graça
És primavera
És verão eterno
E mais a sensação que quiser

És engraçada
És essência
És magnificência
E mais quantos outonos quiser existir

Trazes colorido ao mundo com suas canetas!

És tu, deusa;
a gerente-matriz da existência.

sexta-feira, 22 de outubro de 2010

Ana Quele


Uma dádiva, ter te tido como amiga!
Mil perdões se fiz mal com uma briga...

O que te peço é só um momento
Você já mora em meu pensamento

Basta você deixar-se gostar
Não tenha medo de se apaixonar

Quelinha, o amor vai chegar ainda
Te vi crescida; e não é que era linda?

Faça do seu jeito, contrarie a poesia
Já não sabe que eu te desejo o dia??

Quero que esteja sempre esperta!
O mundo não tem as portas abertas!

Uma lágrima caía dos olhos ao saber
Que nunca poderei, ao menos, te ver

"Estarás sempre em meu coração"
Era aquilo que dizia a canção

Quero que a sua vida seja mui bella
Como as flores porventura na janela

[...]

Mas o que eu mais quero é sua companhia
Ah, menina, se pudesses me ver um dia...

quarta-feira, 25 de fevereiro de 2009

Música de forró

Amor me deixou só,
e foi pro interior
Ouvir o forró,
tomar o licor

Foi ver a família,
ficar um pouco lá
Sem sua carícia,
sozinho vou ficar

Vou ficar sozinho
em pleno São João
tomando um licorzinho,
esqueço a solidão

Volta logo, amor,
sozinho estou aqui
se demorar muitão,
eu vou parar aí
Bailes, estrelas

Garotinha bailarina
Baila bela, animada
Tão linda, esta menina
Minha doce utopia...

Teus pés, esses aplausos
'Plausos tão admirados
Com seus passos concentrados.
Passos de mulher. Saudades...

Beijar-te, cara amiga
A linda face rosada
Era só o que eu queria
Só isso, mais nada...

És a princesa da casa
A dona desta poesia...
Baila, baila, bailarina
Com teus passos, ganhas vida

segunda-feira, 23 de fevereiro de 2009



Bons tempos

sábado, 21 de fevereiro de 2009

Obrigações parciais

Compete a mim particularidades
Descrever as peculiaridades
Me esconder, caprichar na camuflagem
Cansadaço, ter que fazer contagem

Pertence a mim suas ambiguidades
Centenas, mais centenas de cidades
Trinta anos-luz de velocidade
Setenta e tantas possibilidades

Mas se da casa nasce o sacrifício
Veio do nada da vida um feitiço
Fazes do oco um imenso imprevisto
Vieste cansada do edifício [...]

Compete a ti responsabilidades
Os filhos vêem tanta mediocridade
Entendem de onde vem tanta maldade?
Preciso de aconchego e lealdade.

[...]
O que é isso?

Era lágrima, que brotava do seu rosto
A enxugue!
Isso tudo era emoção
Não chore mais, não...

Simples caso do destino
Ele já estava lá
Te tocava e te olhava
Para ti, muita emoção

(Você já está quase lá
Pessoas aplaudirão, de pé
Por qualquer lugar em que você passar
Uma mulher, já quase é)

Mas, agora, já está feliz
Já há um bonito no meu lugar
Já há emoção, em seu coração
Do teu jeito

Eu me rendo

E te entrego

O meu medo

Teu remédio

Meu sossego

Te concedo

Um afago

Te prometo

Um soneto



Mas se quiseres...

Eu paro
História de amor

"Luíza é uma linda menininha de cinco anos
Apaixonada por seu amigo Pedro da mesma idade

Luíza e Pedro brincaram o dia inteiro
Luíza e Pedro se amavam

Luíza ainda não sabia escrever muitas coisas
Pedro só escrevia seu próprio nome

"Mãe, como é que se escreve 'pipoca'?"
Sua mãe lhe ensinou com ternura

Perguntou todas as palavras da carta que fez pra Pedro:
'Pedro, quer ir comigo comer pipoca no parque?'

Luíza e Pedro foram com seus pais ao parque
E brincaram e sorriram e tomaram sorvete o dia todo

Luíza e Pedro se amaram"
Cassino

Num bar, um cassino,
uma cadeira vazia
Representava a sua presença inexistente

Na mesa, o pôquer, os números,
o uísque, o gelo,
o garçom

Na pessoa, a aposta, a moeda,
a ambição, a ficha,
a vida

Na presença, a pessoa, a inércia,
o fantasma, a beleza,
o mistério

Na moeda, a vitória, o amargo,
choradeira, bebedeira,
jackpot!

A solidão à espreita
Uma cadeira à direita
Com a tortura no interior, uma dor gritava de dor
Ciclo

E quando ficar sozinho?
O que será de você?
Quando não tiver nem pai nem mãe
O que será de usted?

É a história que se repete:
'E se nós nunca morrêssemos?'
Terra do nunca de Peter Pan:
'Se nós não envelhecêssemos'

Você é filho de alguém
Vai terminar sozinho
Vai ser pai ou mãe de outrem
Vai deixar alguém sozinho

Você tem que prover alguém
Você já foi demais provido
Provar daquilo também
Cumprir sua missão no ciclo

Eu não quero ficar sozinho
(Tomara que eu te tenha até lá)
Mas um de nós irá primeiro
E isso não se evitará
Naturalidade

Neste dia de sol, eu e a linda
Numa cidade do litoral
Poucas nuvens no céu

Muita beleza ao meu lado
Poucos carros nas ruas
Poucos pássaros ao léu
Muita amizade ali rolava (muita parceria)

Minha amiga e namorada
Ela me acompanhava, reclamava do calor
E eu falando que tava bom!

Na cidade do litoral
Do Brasil, na Bahia
Numa área tão bonita
Andavam eu e minha amiga

Alguns coqueiros nos olhavam
A gente não parava de andar

A gente ia pra algum lugar
Alguma praia semi-deserta
Alguns peixes estavam no mar
Eles lá, e a gente a nadar

A gente ria e se abraçava tanto
A gente sabia que se adorava muito!

Já era hora de voltar pra casa
Agora batia um frio, e ela achava normal
Esse foi um dia muito especial!
Nossos corpos todos cheios de sal!
Pingos

Pingos, pingos pingando, pingam
Ecoam, soam, martelam, repetem
No mesmo ritmo do coração
Tum-tum, bate-bate, repete

Pingos, pingos pingando, pingam
Repetem o fato
Fazem, refazem...
Sem cansar, eles batem...

[...]

Ping. Ping. Ping.

[...]

Plic-plic-plic, pode você me explicar?
O que acontece quando a gente tenta
Alcançar o ponteiro dos segundos
E rodar a roda-viva do tempo?

Plac-plac-plac, pode você me enxergar?
Será que o tempo pode parar
Só pra nos esperar voltar
E fazer os pingos caírem novamente?

Bruno e Danielle


Rodovias impossíveis
As belezas

"Amiga, tua blusa é linda!
E também o teu colar

Espero que sejas bela
Também em teu inside

Mas eu sei que és
Que beleza tens? Tantas!

Há beleza em seus pés?
Não, são como jacarés!

Mas não tem problemas
Não somos perfeitos

(Nem queremos!)
Perfeito é nosso direito de viver"
Metafísica de filmes

Os filmes iam
Os filmes vinham
Os filmes passavam
Eles acabavam

Os filmes eram
Eles não eram nada
Os filmes eram tudo
Filmes não diziam nada

O cinema é mudo
Do cinema muito já foi falado
O cinema é escuro
O cinema é um bom lugar pra namorar!

Filmes ficavam expostos nas prateleiras
Pessoas os escolhiam e pra casa os levavam
Os filmes os chamavam a atenção
Deles, as pessoas gostavam ou não

Os filmes são bons e perversos
São radioativos e escassos
São freqüentes e reluzentes
Abrangentes e eloqüentes

Mas a magia do cinema causava
Nas pessoas, admiração intensa
Em pessoas, pensamentos intensos
Na intensidade deles, muitas coisas

Mas eles terminavam,
eles nos tocavam
Os filmes sempre acabavam,
afinal eles existiam...

Os filmes tropeçavam e caíam...
Príncipe

Um príncipe,
era tudo que ela sempre sonhara

Contava as estrelas,
pedia-as milhões de coisas

Vinha tudo, mas o rapaz do cavalo branco...
. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . não vinha

Que mais ela fazia, senão chorar?
Mas era forte, não cedia às lágrimas
Pedia novamente às estrelas
Abraçava o travesseiro, velho amigo

Mas o que este podia?
Não a podia beijar
Só a podia sentir
Seu coraçãozinho pulsando
a DOIS MIL km por hora
As lágrimas na garganta, intensas
Que pediam pra sair e não saíam
Que pediam pra pingar e não caíam
(Você nem tinha por quem chorar...)

...

Pobre menina, lonely girl
Às vezes, a vida nos prega peças
Mas você sabe que isso passa...
Seu príncipe já vem, e às pressas...
'Oh! Te amo tanto!'

Rá!
Vocês nem sabem o que é amar!

Admitem o "eu te amo" como um simples "bom-dia!"

Sendo que esse está
nos gestos e entrelinhas

Na namorada, linda amante
Nos momentos alegres, prazerosos
Deixo claro a cada instante

No amigo, sempre presente!
Pra quê dizer que o amo?
Sinto isso a todo instante!

Na família, por exemplo:
o que não é dito,
está mais que subentendido.

Talvez eles preferissem o meu falar
Mas o que eu prefiro, verdadeiramente

É amar
Nada-mundo

Ah!
Fora uma beleza!
Amara uma palmeira,
odiara uma mangueira

Oh...
Foste uma tristeza...
Amaste uma sapeca,
odiaste um cometa!

Ah!
Era uma delícia!
Amava uma menina!
Odiava uma intriga!

Ih...
Seria uma carniça
Amaria uma magrinha
Odiaria uma formiga.
De Juliana

Coisa gostosa, ritmada...
Com suas idas e vírgulas
Vírgulas milimetricamente colocadas...

Coisa vistosa, de plumas
Seu falar de pausas continuadas
De coisa errada, sabor pílula

Coisa gostosa, a fala de Juliana...
Fala de quem não quer nada,
querendo tudo, antropofágica...

[...]

Eu desvendo o teu olhar tal máquina
Pois...
A tua escrita é de eterna mágica...
Triste vadio

Vou ali, fumar um Free
(E nunca mais eu volto)

Quem sabe, encontrar uma alma mais parecida com a minha
Vou tentar pensar que vou me salvar num bar

Vou ali, beber whisky
(Vou tentar demorar)

Não quero mais gente falsa em minha vida
A solidão é o meu problema e é minha solução

Vou ali, me suicidar e volto
(Me espere congelado e deitado)

Vou entrar na floresta e imaginar um pesadelo:
árvores cinzas irão me esmagar

Vou voando, vou morrendo, esquecendo, escorrendo pela vida
Derretendo, explodindo, me juntando, naufragando na calçada

Vou ali...
...
(Vou, simplesmente vou)

Tchau, por favor não lembre nunca mais de mim
(Você nunca nem pensou)


Minhas velas
Cosmos

Na grandeza do universo, que não pára de expandir
somos apenas pó ou uma estrela a imergir?
Neste universo, que pode sufocar ou ajudar
Pense nos seus atos, pois eles vão te guiar

Fique atento aos sinais, mas não esqueça
seu coração, que anda brigado com a razão
Dê espaço à sua emoção. Quando separados,
causam muita dor. Juntos, não há maior fulgor!

Pense nas crianças que ainda estão por vir
Pense nos velhinhos que vimos se extinguir
Uns desses, do pó ainda vão brotar
Outros, ao pó irão retornar...

O amor – este nunca vai se extinguir
Enquanto o universo continuar a se expandir
E, assim, quando uma estrela se apagar,
lembre-se: outra ainda mais bela surgirá!

Bruno e Milena
Seus olhos

Olhos perdidos no horizonte
Eram os seus
E assim estavam:
Perdidos...

No fim de um beijo
Seus olhos estavam
Ali;
Perdidos ali no horizonte

Eles iam ali e voltavam
Você vinha e me beijava
E deixava os olhos irem
Mesmo que não voltassem

Mesmo que não me amassem
Seus olhos ali estavam
Não me olhavam, nada olhavam
Mesmo que já me amassem...

Perdidos
No nada;
Era onde seus olhos estavam
Mesmo que não voltassem
Carta para Daniele

"Amiga Daniele:
Te conheço há pouco tempo
Há um tempo escasso e injusto

Mas há uma coisa em mim
que me diz que és especial
Parece-me ser uma pessoa legal

Esse algo me diz que, pra nós,
o futuro será especial
Talvez um futuro espetacular

Por enquanto...

Vamos cuidar de nossos irmãos...
Esperar que um dia, talvez,
eles possam cuidar de nós

Vamos cuidar de nossos pais...
Reembolsar o tudo e o um pouco mais
que eles investiram em nós

Enquanto isso...

Olhai com cautela para si mesma
Vês que já és uma mulher
A-na-li-ti-ca-men-te linda

E que podes fazer tudo que quiserdes"
Menina morena

Mãos delicadas, pequena
Menina pequena
Seu olhar é um sorriso
Sua ausência é uma pena

Em que eu escrevo meus versos
Meu pesar é uma pena
Meu sorriso, uma ausência
Mãos calejadas, intensas

Menina morena, meus versos
São só pra você, confesso
Sorrio e tropeço no passo
Quando, de você, lembro

Sua mão toca meu violão
Porque não toco seu coração?
Coração não-fácil de se tocar
Como estas cordas de violão

Escolha errada, talvez
Minha pequena, perdi
Balancei muito, choquei
Surpreendido, me vi


Duas e uma

terça-feira, 17 de fevereiro de 2009

Nos campos

Naquela flor de jardim:
um cheiro, um perfume, fragrância

Observo melhor e só sinto:
teu olhar, teu sorrir, tua essência

O melhor de mim eu procuro
pra tentar obter tua clemência

Pra piorar, não consigo -
que há pior num homem, se não ânsia?

Vadiei pelos campos,
avistando somente ignorância

Tentei ver se em meus atos
Ainda restava uma decência

Só assim pra te ter em meus braços
Pra te ter, é preciso paciência

Ai de mim, que não te tenho
Você: minha maior ganância
Vida insossa

Quando te visitei pela primeira vez
Vi os quadros que pintara
Através dos quais se espelham
A tristeza da tua casa
A inércia da tua vida

Vi as plantas cultivadas
Eram sua alegria!
Porém os seus bem-me-queres
Por trás só te mal-di-ziam

Tuas roupas em tons pastéis
em nada me seduziam

Por sua janela, favelas
Pelas suas veias, coágulos
Por sua latrina, dejetos
Pela falsa-vida, só mágoas
Dois anjos, meus anjos

Dois anjos de prata
Desceram, chegaram
Pousaram, criaram
Sorrisos na mata

Dois anjos sorriram
Me viram, pediram
Pra ensinar-lhes arte
E a arte aprendiam

Tais anjos sabiam
Que tudo o que eu tinha
Era eles, mais nada
Dois anjos me amaram

Dois anjos, meus anjos
Na mata, mais nada
Um sorriso, um beijo
Um luar, ao luar

Dois anjos se iam
Um abraço, um carinho
Por dentro, eu chorava
Mas sabia, voltavam...


Horizontes
Urbis

Meter-me-ei nos seixos cotidianos
Arrancarei teu tão escondido fungo
Pra oferecê-lo à mais preciosa dama
Limpar-me-ei de tarefa tão imunda

Treparei em uma bela parreira
Extrair-lhe-ei beleza escondida
Pensarei - "terá sido brincadeira"
Quando aparecer gema mais viva

Irei à próxima joalheria
Dela farei vultoso colar
Oferecerei à minha preciosa dama

-Minha senhora bela,
usais tal colar
E terás vida eterna
Ciclo mendicante

O mendigo fedia
Rastejava e apodrecia
Por moedas, pedia

Catava os restos
de humanidade apodrecida
E os comia

Catando os restos
que já não nos serviam
Os digeria

Virava bicho
ao adormecer no canto
da pista

Virava mofo
ao beber poças imundas
desvanecia-se

Virava lixo
Vinha outro mendigo
e o comia


Gelo, gelo e mais nada